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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Travestis: Os tratamentos realizados na minha clinica em 2012.


Travesti: Os tratamentos realizados na minha clinica em 2012
Medico: Dr. Paulo Branco
blog da saúde das travestis

- Proctologicos com Laser:
HPV: Perianal e anorretal
Fissura anal
Plicoma ( pelinha)
Hemorroida
Fístula perianal
Cisto pilonidal
- Colposcopia anal: ( Acompanhamento dos pacientes tratados de HPV)
- Fimose: À laser
- Pintas e tumores de pele
- Hérnia do umbigo
- Hérnia virilha: Colocação de tela
- Estética facial:
Bioplastia  
Botox

Proctologia com laser

1-       HPV:
- Locais das verrugas:
Pele perianal: 97%
Dentro do ânus: 90%
Mucosa do reto: 20%
- Sintomas principais:
Verrugas: geralmente múltiplas caracterizando o chamado condiloma acuminado
Coceira:
Mucorreia: Perda de uma secreção de cor branca. Esta secreção determina a coceira por irritação que causa na pele perianal.
- Diagnostico:
Exame clinico: Inspeção e toque
Exame endoscópico
Exame microscópico
- HIV: A grande maioria eram soropositivo e estavam com uma baixa carga viral.
- Contagio: A maioria das pacientes referiram o contágio através do sexo inseguro, sem o uso da camisinha.
- Realizavam programas: A maioria praticam e vivem do sexo e uma pequena parte são empresarias.
- Promiscuidade: Geralmente tinham mais de uma relação sexual.
- Associação:  Uma porcentagem tinha as verrugas no pênis associada a anorretal. Essa associação tem grande importância no contagio ativo e passivo e deverá ser sempre lembrada. Já tive pacientes que tratei das verrugas no pênis e  depois retornaram com verrugas anais.
- Fimose ou excesso de pele: A quase totalidade dos pacientes com verrugas apresentavam excesso de pele  que foi retirada com laser sob anestesia local, porque a pele que cobre cria um meio que favorece o crescimento dos vírus.
- Localização: A quase totalidade tinham verrugas  na pele perianal, anal e retal. As verrugas dentro do canal anal, reto e pênis tiveram uma distribuição parecida o que confere a informação sobre a pratica frequente do sexo anal ativo e passivo com homens, muitos deles casados.
- Apresentação clinica: A forma de condiloma mais frequente foi o acuminado ( várias verrugas ) sobre a forma mas simples.
 - Pomadas: Alguns pacientes tinham usado pomadas que não resolveu principalmente as verrugas dentro do reto que aumentaram e tornaram a cirurgia mas difícil.
- Antibióticos: Prescrevi para todos os  pacientes submetidos a retirada cirurgica das verrugas, geralmente por uma semana.
- Vitaminas: Prescrevo a vitamina C associada a um aminoácido chamado Arginina.
- Vacina: Foi indicada para todos os pacientes.
- Cirurgia com laser: Realizei sob anestesia local e em uma mesma cirurgia geralmente retiro todas as verrugas.
- Tempo de cicatrização:
Para as múltiplas verrugas Geralmente prescrevo pomadas de manipulação com alto poder cicatrizante que leva em media de 15 a 30 dias para cicatrizar totalmente.
- Orientação pós-operatória:
Os pacientes recebem um guia que contem todas as orientações comportamentais e alimentares dirigidas para uma boa cicatrização.
- Volta do HPV:
Coceira: A coceira foi o principal sintoma e para muitos pacientes o único. Nestes pacientes eu faço imediatamente uma analise microscópica, a colposcopia e tratamento imediato para evitar o aparecimento das verrugas.

- Acompanhamento:
Os pacientes retornam para fazer uma inspeção clinica, anuscopia e principalmente uma analise microscópica, chamada colposcopia anal, veja abaixo;
- Colposcopia anal:
Faço na clinica a colposcopia anal, que consiste em corar a pele das regiões anal e retal com um corante especifico e aparecem áreas que geralmente contem os vírus, que poderão receber tratamento imediato e especifico, ai sim com pomadas imunomoduladoras ou com o laser.
-     Vida sexual: Retorno a vida sexual após a cicatrização e com orientações especificas para retornar de forma lenta e progressiva e no inicio sempre usar a camisinha.

2- Fissura anal:

-     Sintomas:
Dor: A dor torna a relação passiva praticamente impossível e eu desaconselho porque representa uma porta aberta para bactérias oportunistas das fezes e para outras DST;
Sangramento: Perda de sangue vermelho vivo nas relações e ao evacuar;
Pele: Uma pequena pele chamada plicoma que incomoda pela estética anal.
- Localização: Já tive pacientes que apresentavam fissuras do tipo radiada distribuídas na volta da abertura anal, múltiplas e localizadas na parede anterior e posterior da abertura anal.
Única: Localizada na parte posterior da abertura anal.
- Associação: Muitas fissuras  estavam associada muito a:  Hemorroidas internas de 1 e 2 graus que geralmente são tratadas de forma conservadora com medicamento por via oral e  uma alimentação  rica em fibras e água.
-Verrugas: Muitos pacientes chegam a minha clinica com queixa da fissura e eu confirmo as verrugas pelo exame clinico e endoscópico.
- Sífilis: Tive pacientes que a causa da fissura era essa doença venérea, transmitida sexualmente e que poderá formar na abertura anal uma feridinha semelhante a fissura, mas de tratamento com antibiótico. O medico deverá esta sempre atento para esta possibilidade, principalmente as travestis que vivem do sexo.

- Tipos de fissura encontrada:
Traumáticas: Consequente a pratica do sexo passivo sem os cuidados adequados como uma boa lubrificação e relaxamento dos músculos formadores do esfíncter anal ou por uma desproporção entre a abertura anal e o diâmetro peniano. Cuidados básicos adequados associado ao controle do ativo no momento da penetração ( Leia neste blog sobre o ativo e passivo)evitaram o aparecimento da fissura anal traumática.
Única: Localizada na parede posterior
- Tratamentos realizados:
Eu prefiro para as travestis o tratamento cirúrgico por que os resultados são melhores e mas definitivos. É uma cirurgia de curta duração, que eu realizo sob anestesia local e com o laser.
Comentário: As travestis por praticarem o sexo passivo, as fissuras não cicatrizavam com pomadas ou mesmo nos casos que eu apliquei o Botox para relaxar o musculo anal e a fissura cicatrizar.

3- Plicoma anal:
- O que é um plicoma?
O Plicoma é uma pele que poderá ser parte integrante de uma fissura anal crônica ou como definido por alguns uma hemorroida externa crônica. É muito frequente os pacientes referirem um aumento de volume ou ingurgitamento do plicoma consequente a dilatação do vaso que está sob a pele. Os travestis  se sentem incomodado com as alterações na estética das preguinhas anais em relação ao plicoma.

- Sintomas e queixa referida:
Coceira ou prurido anal, sangramento e comprometimento da estética anal.

Tratamento:
O tratamento foi a retirada do plicoma quando sintomático o que já resolveu a estética anal.


4- Hemorroidas:
- Sintomas:
Mais frequente foi o sangramento vermelho vivo associado a presença de uma pequena bola, prolapso principalmente aos esforços para evacuar ou após a relação e coceira na pele perianal.

- Diagnostico:
O diagnostico  das hemorroidas internas iniciais eu confirmei através do exame endoscópico feito durante a consulta. As formas mais avançadas somente pelo exame clinico local.

- Tratamento:
Formas iniciais com uma reeducação alimentar associada ou não a ligadura elástica que consiste em colocar um pequeno anel elástico sobre a hemorroida de maneira que com uma semana o vaso hemorroidário seca e cai, evitando o aumento e saída ou prolapso da hemorroida que será de tratamento cirúrgico.
As formas avançadas de hemorroida sintomática eu trato com o laser geralmente sob anestesia local mas sedação para alguns casos.

5- Fistulas anais:
A fistula anal é uma infecção causada pelas bactérias fecais que inicialmente infectam as glândulas anais no interior do canal anal, gerando um abscesso que drenará na pele da nadega através de um pequeno orifício.
Diagnostico:
Os pacientes geralmente referem a historia de ter drenado um abscesso e que posteriormente ficou um pequeno orifício na nadega através do qual continua drenando uma secreção amarelada que muitas vezes melhora com a administração de antibióticos pela via oral, mas que sessado o antibiótico é muito comum o retorno do mesmo. Ocorre que esta fístula poderá fechar e o paciente ficar curado.
Geralmente os pacientes que permanecem com a fistula eu palpo a fístula facilmente como um pequeno cordão ou trajeto endurecido logo abaixo da pele


Exame:
Para os casos que eu fico na duvida, solicito uma ressonância magnética.

Tratamento:
A cirurgia deverá ser o padrão ouro de tratamento para os casos que as fistulas permacem abertas.

Comentário:
- A cirurgia deverá ser feita com equipamentos adequados para se evitar a lesão do músculo formador do  esfíncter anal.

- Eu tenho usado um guia metálico que me facilitou a retirada do trajeto fistuloso com menos risco de lesão muscular associado al laser. O procedimento geralmente eu faço sob anestesia local e sedação.

6- Cisto pilonidal:
Operei alguns casos deste cisto nas travestis e o sintoma principal referido foi a dor com drenagem de secreção amarelada de odor diferente.

- Diagnostico:
Pelo exame clinico local.

- Pré-operatório:
Todos os meus pacientes fazem a depilação da pele na volta do cisto com o laser com a Lala Laurent.

- Tratamento:
É sempre cirúrgico. A cirurgia que eu fiz foi a retirada do cisto com laser sob anestesia local e sedação. Fechei a ferida cirúrgica em praticamente todos os casos operados.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Travestis: A vida em evolução, enfrentamentos e mudanças sociais


Travesti: A vida em evolução e os enfrentamentos

Referência:
TRAVESTIS
( ENTRE O ESPELHO E A RUA )
Autor: Hélio R. S. Silva
Editora: ROCCO LTDA
 Contato com a editora: ( 21 ) 3525-2000 - Fax: (21) 35252001
rocco@rocco.com.br

Comentário: Dr. Paulo Branco
Eu decidi colocar no meu site uma parte desta maravilhosa obra no sentido de colaborar com a leitura das travestis que é tão carente de informações. Acho que a leitura de todo o livro deveria ser feita para uma melhor compreensão da historia, dos conflitos, rejeições e vitorias presente na vida das TRAVESTIS.

“ Mensagem: Toda diferença é preciosa é deve ser ratada com carinho “ .

“ Um entre raro, bizarro e enigmático tornou-se, nos últimos 40 anos, um tipo banal em nossos dias. É verdade que ainda circula com certo resíduo de enigma, suscita-se mal-estar sendo objeto de violência na tentativo de almentar os seus horizontes sociais. Mas, já parece contar com um lugar na cidade, entre outros seres e coisas tidos como bons ou maus. Quais as propriedades socioculturais do processo histórico que retirou o travesti da órbita do espelho e o colocou perante o olhar dos outros.
O travesti, antes o espelho, limitava-se a produção de um ritual para si próprio, ou  para reduzido grupo de amigos entendidos na praia deserta. Só se tornava público na excepcionalidade do teatro ou do carnaval. Um ritual que esboçava as possibilidades daquela virtualidade que a educação interditava em qualquer situação, tempo ou espaço. Assim a sua diferença em relação aos machos-homens e às fêmeas –mulheres era de grau, não de natureza.
Universo que os confinam. Aquele espelho, voyeurismo, fetichismo, teatro, carnaval, praia deserta. Era época dos populares manuais de desvios sexuais. Com seu descritivismo imobilizante.
Filmes sobre travestis, autobiografias e entrevistas seguiam um certo padrão  narrativo que incluía quase sempre:
1-        Uma referencia a família;
2-        O momenta da revelação da infância;
3-        Dificuldades, agressões sofridas, triunfos e situações divertidas;
4-        Para as transexuais o momento culminante da cirurgia.

UM NOVO PAPEL NA SOCIEDADE
Para entender o novo papel, deve-se evitar o descritivismo produtor de fetiches, os cacoetes etnográficos produtores do exótico, a postura folclorizante. Sua humanização requer narrativas movidas por personagens, sujeitos sociais em pleno estado dialógico e interativo, contexto detalhadamente exposto. E requer também a reconstituição dos processos históricos, dos valores e praticas sociais de modo a recuperar o percurso do travesti nas últimas décadas, interpretar os papéis que lhe estão sendo atribuídos e localizar os lugares que lhe estão sendo reservados.
O que há de novo não é a travesti ou o transformista e, como já se viu, nem mesmo o transexual. O que há de novo é a circulação desses personagens em intensa relação com a sociedade abrangente. O travesti hoje no Brasil tem uma inscrição popular e social como ator reconhecido e com o qual os circunstantes mantem relações cotidianas, absorvendo, inclusive, seus valores e linguagem. Isso é novo. Isso reverte o quadro histórico. Social e solar, o travesti continua a falar de nós todos, mas, sobretudo, a falar com todos nós. Não é mas refém de um sentido noturno e inconsciente. Um novo sentido tornou-se a moeda  corrente dos seus intercâmbios sociais, sexualmente, esteticamente, fraternalmente.
Embora fruto direto de solos oscilantes, a travesti fala agora de um lócus socialmente constituído, politicamente conquistado, produzindo publicamente uma possibilidade real de desvincular o papel social de qualquer amarra com a biologia, a anatomia. Possibilidade que tem, entre seus horizontes possíveis, o próprio questionamento da expressão “travestir-se” , se estendida em seu estado de dicionário. Percebemos sob o objeto travestido que o sujeito desse disfarce não anuncia apenas a si próprio. É, entre outros, sintoma de novos tempos.
Quando uma diretora de um colégio estadual em Florianópolis afirma admitir travestis de bom comportamento em seu colégio, quando moradores da lapa, no Rio de Janeiro, distinguem entre os travestis que praticam a prostituição na área aqueles que são recatados e os que são escrachados, essa possibilidade de distinguir o bom do mau travesti indica o reconhecimento de um papel impraticável e impensável três ou quatro décadas atrás. Além disso, vejam-se os proliferantes, shows de transformismo, o sucesso das paradas gays hoje realizadas em várias cidades brasileiras e, sobretudo, a inscrição popular e social como ator reconhecido e com o qual os circunstantes mantêm relações cotidianas, absorvendo inclusive seus valores e linguagem. Não mais hipnotizado ante o espelho, não mais embriagado pelo carnaval, mas negociando seu papel ante múltiplos atores com os quais interage, na cotidiana inscrição social para a qual sua transcondição lhe impõe certos óbices e lhe reserva alguns trunfos imersos na sociedade. Nem excepcional, nem patológico, dividi com vários atores sociais, entre eles também  outros travestis, o trabalho em grupo da produção de sua identidade.
A relação de continuidade entre o travesti histórico e o travesti atual implica reconhecer algumas propriedades, como a solidão no primeiro e a socialização do segundo. Distingue-se pelo caráter latente da primeira experiência e a expressão manifesta da segunda.
Quando hoje os travestis discutem em seus foros o direito à circulação e a seres admitidos em espaços que tradicionalmente lhes eram vedados, o que está subjacente a essa discussão é a mudança social. Um homem vestido de mulher, fora do carnaval, seria imaginável ainda na década de 1950 e 1960. Sua própria circulação na rua seria extremamente problemática. O que mudou para retirar do travestismo sua dimensão escandalosa?
Essa questão parece estar vinculada às revoluções na moda, às vicissitude do feminismo, aos estertores agressivos do machismo, tudo a redefinir a própria noção do gênero.
Essa visibilidade social do travesti promove uma experiência coletiva que redefine as particularidades psicológicas em função das posições relativas ocupadas em um campo social  mais complexo. Daí, a inadequação de uma caracterização psicológica do travesti em geral. Não se trata mais do tempo excêntrico de uma família, antes do integrante de uma coletividade que se incorpora simbolicamente à sociedade abrangente, apesar de todas as dificuldades de integração social plena.
O dinamismo inerente às experiências concretas cria possibilidades de leitura múltiplas e matizadas da situação em que vivem, o que complexifica extremamente em seu campo social de interação. Toda essa experiência, tal projeto transcorre, é esboçado contra o pano de fundo do que se poderia chamar imprecisamente de “machismo” , discurso machista. No avesso da experiência do travesti, sobretudo quando os processos de vitimização se expõe em suas formas mais dolorosas, há uma paradoxal sensação de que a ostentação de qualquer signo de masculinidade implica desrespeito. Uma observação do guarda, de um motorista de taxi, de um mecânico resvala muitas vezes, mesma quando emitida por quem convive e interage com o travesti, para a indicação de uma superioridade, de uma desqualificação do travesti.
Ao mesmo tempo, a existência de coletividades organizadas de travestis com significativas redes de apoio que se ramificam pela sociedade abrangente coloca por si só uma casuística fervura sobre as bases do orgulho machista.
Por que tal ordem está a produzir com tal frequência e em tal escala tantas experiências de descontinuidade em relação a seus valores, pressupostos, pontos de honra etc.?
As representações que aí se atualizam oferecem uma contraface ao machismo, que se exprime em seu exibicionismo invertido, na maledicência de seus relatos sobre os manchões e,  sobretudo, na notável gravidade e empenho com que revestem o projeto.

O SENTIDO DO PAPEL

Mensagem: A mesma pessoa. Não há diferença. Só o sexo é diferente.
( Orlando, no filme, olhando-se nu(a) frente ao espelho )
Vista a transição do espelho para o papel, resta uma interrogação sobre o próprio sentido deste papel. O sentido do espelho parece óbvio em sua moldura geral, embora as experiências ali refletidas contivessem densas complexidades psicológicas. Já o sentido do papel não se aprisiona em fáceis caracterizações porque contém, inclusive, imprevisíveis direções, esta outra acepção da palavra sentido.

Frase verdadeira: A inexistência pública é que congelava o papel do travesti do passado. Ele pode ser complexo psicologicamente, mas é pobre socialmente “  .

Comentário: Dr. Paulo Branco
Acho que a convivência que também tenho com os travestis no tratamento das afecções proctologicas, já há algum tempo, me fez observar que a falta da família, do colo, de uma convivência simples e verdadeira socialmente os torna bastante carentes, transparente e vulneráveis principalmente aos insensíveis.

“ O curioso é que os riscos que a sociedade abrangente supõe cercar o contato com travestis são os menos importantes. A policia, o roubo, a gilete, a agressão, tudo se torna débil e insignificante. Em primeiro lugar, porque em áreas camponesas, em áreas de fronteiras e em certas áreas urbanas, onde o conflito pelo controle do trafego  se instaura, a repressão e a agressão eclodem bem mais arrasadoras.
Em segundo lugar, porque, onde o travesti é perigoso não é por ai. É lá de dentro. Em sua própria aventura existencial. Sua condição é que fulmina. Basta lembrar o riso no canto da boca, irônico, mordaz, com triplos sentidos. Profissional da mentira, mestre da farsa e da ilusão, este tipo especial de travesti, o que se prostitui nas ruas, só sobrevive á custa de um permanente estado de alerta, uma paranóia programática que não pode excluir o fair play e a sedução, já que está ali para atrair e seduzir os passantes, embora deva desconfiar de tudo que atrai.
Muitos travestis afirmam que não se sentem mulheres; outros se sentem tão mulheres que aspiram, com decisão ou difusamente, a fazer a operação transexual.
De qualquer modo, sejam quais forem as predisposições a partir das quais os travestis vivem seus projetos existenciais, há subjacente a toda a experiência o tentar passar por uma mulher. Em suas conversas, por menos interessados que estejam em ser mulher, por mais conscientes da condição homossexual, revela-se orgulho – em graus variados – quando passam por mulheres, são tratados como mulheres. Parecer ou não parecer, eis a questão de todo travesti, de um ou outro modo segundo se pense ou não como mulher. Questão existencial que paira sobre o corpo, mas que só o corpo pode resolver. 
Pensando-se mulher ou não se pensando mulher, o que os outros pensam desta “mulher” é fundamental  na interação. Passar por mulher quando não é mulher é a suprema realização da incoerência biossocial. Estabelecer uma tal conformidade entre o macho e a mulher que uma Gestalt da incoerência se imponha coerentemente. A busca da coerência seria possível aqui?
Ao defende-lo, defendemos a imaginação, a sexualidade, aas infinitas possibilidades que nos reservam a carne, a sensibilidade e, até, os tecidos a roçarem sobre peles, interpostos entre o corpo e a fantasia. Há uma nudez no travesti: a do desejo, a da explicitação de uma relação harmônica entre a fantasia e realidade, em torno da qual só os preconceituosos e desconfiados desafinam.
A tensão inerente à construção do papel feminino, do papel masculino, do papel do travesti e do papel do transexual. A acessório ou fundamento, uns podem viver sua persona sexual como puro fundamento, não importa se opte por determinações biológicas, ou sociais. Outros a vivem enquanto fruição prazerosa, o que permite, por exemplo, inúmeros clichês, dezenas de personagens de romance, teatro ou cinema, compostas pela mulher frívola, a mulher vamp, o dândi, o almofadinha, o mauricinho.
Em alguns discursos correntes, a própria distinção entre os sexos cria dominâncias especificas, claves moduladoras, princípios de produção. No caso do travesti, as dominâncias centram-se nas idéias de real e de truque, de funcional e aleatório, de pragmático e gratuito.
Se tudo é apenas papel, resta saber o grau de coerência e envolvimento com que é vivido. Curiosamente, e aparentemente na contramão da via aberta por esta consideração, há uma sensibilidade entre travestis, provavelmente desenvolvida na prática do projeto trans, que lhes permite reconhecer que tal pessoa não deveria fazer travesti ou que aquela outra é um travesti ridículo.
A mentira no depoimento, na entrevista, no bate-papo com o freguês é um dos recursos funcionais para a criação dessa mulher que se persegue. Assim como tecidos, silicone, bijuterias, hormônios, também histórias de amor, de viagens e de infância convocadas para a construção de uma mulher, que é o corpo, que é forma de vestir, mas que também é uma cabeça ( mentalidade ) e uma história de vida, embora haja quem pense, a partir de um certo positivismo travestido, que tudo isso é apenas uma questão de corpo e de acessórios.

Contradições
O travesti já conta com aliados e auxiliares, entre médicos, cirurgiões, farmacêuticos, patrões, familiares, ONGS, advogados, saunas, boates, cabarés e pensões. Mas conta ainda com os debochados. Aqueles que, por mais neutros e circunspectos, quando o assunto é travestis exibem displicentes uma cara irônica. Exibição inconscientemente condicionada pelo que sempre foi visto como caricatura, vivido como ridículo e considerado como inconsequência.
Tanto o deboche quanto a violência parecem derivar, contudo, de duas  propriedades inerentes à experiência travestida. Rudimentarmente carnavalesca e infantil em suas expressões mais cruas e primeiras, ela provoca com muita frequência reações viscerais de nojo, náuseas, pena, ódio, medo, indignação, e até mesmo espancadores que segundo depoimentos de travestis-prostitutas, são surpreendentemente na cama.
A tensão entre aceitável-rejeição social não encontra um discurso publico que produza um antídoto contra as disposições arcaicas da rejeição, como acontece com o movimento negro e o movimento feminista. O movimento homossexual ainda não cristalizou um discurso que restaure inteiramente inteiramente a dignidade do travesti. Existem boas intenções e disposições simpáticas, que não escondem o desconforto que o vizinho suscita. Talvez pelos motivos já expostos: o travesti se envolve nas engrenagens de um jogo ao qual muitos assistem como se tratasse de fenômenos absolutamente irrelevante, o que faz com que o preconceito se abata sobre ele sem qualquer atenuante. O preconceito contra o preconceito parece sempre deixar livre algum objeto sobre o qual a sociedade preconceituosa possa se manifestar “livremente”, sem os freios da auto-censura , sem o olhar recriminador do outro.
Talvez seja um dos raros preconceitos plenamente articuláveis por intelectuais, embora de forma aparentemente benigna. Benigno no sentido de que não se articula nenhum discurso contrário, não se exaspera em condenações. Tudo se destila como risível, irrisório, irracional. Uma irracionalidade menos, imprestável e irrelevante, cômica e caricata. É esse senso de irrelevância que o transforma no portador de uma suave loucura, para os intelectuais. Ou em óbices a respeitabilidade, para homossexuais.
O racismo, o machismo, o etnocentrismo são exercidos em múltiplas latitudes. Mas, na parte delas, vozes se agitam, movimentos se organizam, textos são escritos, condenando-os. Os travestis talvez corporifiquem uma das últimas assim ditas minorias que não suscitam qualquer protesto articulado contra a discriminação. Parecem não sensibilizar muito, no sentido de que não parecem constituir uma causa séria.
Em geral, as conversas sobre travestis mantidas durantes a pesquisa revelam perspectivas segundo as quais ou estaria explicitando uma agressão à mulher, à sociedade, por um lado; ou, por outro, expressaria a dificuldade em “assumir” o homossexualismo. Enfim, ou pretexto, ou sintoma. A experiência assim se dissolve, tornando-se meramente instrumental, seja em suas funções agressivas, seja em seus mecanismos defensivo o que, de resto, permite a liberação de uma maliciosa curiosidade. Uma excitação manifesta nas conversas, nos curiosos dos automóveis ou no público das boates gays “ .   

DST: Tempo de incubação ou latente


DST: Tempo de incubação das doenças
Medico: Dr Paulo Branco
Duvidas:
e-mail / msn: paulobranco@terra.com.br
Contatos:
Pompeia: 011 – 986663281 c/ Monica
Vila Olímpia: 011 – 38467973 c/ Fatima
DST:
- Condyloma (Verrugas genitais): O período médio de incubação após o contato físico com um parceiro contaminado é estimado em media três meses, mas poderá ser mais curto, cerca de seis semanas, ou até mesmo durar vários anos. Muitos homens que fizeram sexo com outros homens carregam este vírus, mas talvez não tenham as verrugas que é a forma de expressão clinica da doença.
- Gonorréia: Uma secreção infecciosa pode ter início dois a cinco dias após o sexo com um parceiro infectado. A dor é comum nas infecções uretrais, mas pode não existir nas infecções anais.
- Uretrite Não Gonocócica: Uma secreção peniana transparente e infectada tem início em uma a cinco semanas após o sexo com um parceiro contaminado. Você pode sentir uma queimação durante a micção. Infecções não tratadas podem se espalhar para a próstata e para os testículos e epidídimos.
- Hepatites: Normalmente você estará contaminado e pode transmitir o vírus ao seu parceiro mesmo antes de saber que está contaminado. O período de incubação a partir do momento do contágio até você ficar doente varia. No caso da hepatite A, vai de duas a seis semanas e para as hepatites B e C têm um período médio de incubação de duas semanas a seis meses.
- Herpes: Aproximadamente uma semana após o contato físico íntimo com um parceiro infectado, você começa a sentir uma queimação. Depois de um dia ou dois, surge um pequeno  grupo de bolhas. Crises recorrentes são comuns, e a doença é incurável.
- HIV: Os sintomas da AIDS normalmente começam em até dez anos após a contaminação. Os testes-padrão para anticorpos contra o HIV serão quase sempre positivos dois meses após o contágio, ou podem levar até seis meses. As medições da carga viral, algumas vezes, podem denunciar a contaminação em um mês após a exposição.
- Sífilis: Um cancro, ou úlcera avermelhada indolor, aparece no seu penis ou na região anal dentro de 90 dias após o sexo com um parceiro infectado. Caso não seja tratado, o cancro se cura sozinho, mas a doença progride.
- Pediculosis púbis (chato): A coceira é quase sempre o primeiro sinal da infestação e começa uma semana a partir do primeiro contato físico íntimo com um parceiro infectado. Se você já teve chatos antes, já está sensibilizado e a coceira começará quase imediatamente.
- Molusco Contagioso: Dentro de um a três meses após o contato físico íntimo, surgem pequenas bolhas do tamanho da cabeça de um alfinete com uma depressão central. Se não forem tratadas continuaram a crescer.
- Escabiose (Sarnas): A coceira que piora ao anoitecer tem inicio uma semana após o contato íntimo.